03.agosto.2018 | por: Administrador
Economia ColaborativaEconomia colaborativa: parcerias são a base desse modelo de negócio
Financiamentos coletivos para realizar projetos individuais, compartilhamento de veículos ou espaços, troca de objetos como livros e roupas são ações que crescem cada vez mais com a ajuda da tecnologia.
Muita gente não sabe, mas o nome desse movimento é economia colaborativa (também conhecida como economia compartilhada).
A partir dela é possível lucrar prestando serviço nas horas vagas, com o aluguel de uma furadeira ou de uma batedeira que estão guardados no armário e ainda economizar ao alugar uma ferramenta ou um vestido de festa usados.
Essa forma de utilizar a internet para fomentar negócios baseados no compartilhamento entre as pessoas tem ganhado força também no mundo corporativo.
Segundo a revista Forbes, só em 2014, os empreendimentos colaborativos movimentaram mais de 110 bilhões de dólares em todo o mundo.
Nesse cenário, a economia colaborativa promove parcerias entre empresas ou organizações com interesses e necessidades comuns promovendo a troca de serviços, produtos e conhecimentos.
Empresa livre
Gustavo Tanaka é um exemplo desse modelo de empreendedorismo. É fundador do projeto Baobbá Lab que ele chama de empresa livre – um sistema de estrutura horizontal que reúne startups de diferentes áreas buscando trabalhar de forma colaborativa.
“Com o apoio de outros empreendedores eu consegui tirar os sonhos que eu tinha do papel e transformar em realidade. A gente criou uma empresa que reúne os projetos que cada um tem. É uma maneira mais leve de se trabalhar e uma relação mais justa”, explica.
Em palestra do 44º Café da Rede Mulher Empreendedora realizada, em 18 de março, no Auditório Nobre do Senac São Paulo, na capital, Gustavo compartilhou essa experiência com o público.
Ele explicou que já teve diferentes empresas, mas que esse projeto surgiu em um momento difícil de sua trajetória como empreendedor. “Apostei em uma ideia, mas comecei a perder tudo o que tinha. As contas começaram a chegar e eu não conseguia pagar. Quando parei para pensar nessa situação lembrei do sonho que tinha de criar uma empresa mais justa e com um formato diferente”, lembra.
Foi nesse momento, segundo Gustavo, que criou um negócio baseado em parcerias. “Antes, buscava investidores para conseguir dinheiro e contratar funcionários, mas queria que as pessoas trabalhassem comigo e não que trabalhassem para mim. Então, em vez de buscar dinheiro para formar uma equipe, comecei a convidar as pessoas que quisessem apoiar o meu projeto”, afirma.
E se surpreendeu com os resultados. “No início, pensei que as pessoas iam achar que eu estava louco, mas comecei a ver que elas acreditavam na proposta. Foi aí que entendi que o meu sonho era o sonho de outras pessoas”, diz.
As vantagens de trabalhar em parcerias, segundo Gustavo, é que sem hierarquias é possível conhecer melhor as pessoas, aprender com elas e dividir as responsabilidades. Contudo, o desafio é saber como ajudar o outro. “A gente não sabe colaborar. Na infância, só aprendemos a competir, mas em um ambiente colaborativo você não pode se isolar”, destaca.
Para ele, essa experiência contribui para os resultados da empresa. “O mal do empreendedor é achar que é responsável por fazer tudo, não saber delegar ou confiar na equipe. Mas, é preciso dar espaço para que as outras pessoas cresçam com você”, enfatiza.
Afinal, ressalta Gustavo, a concorrência não faz mais sentido no cenário atual. “Todas as estruturas tradicionais que valorizam a competição estão começando a desmoronar. É hora de começar a aprender a colaborar e como ninguém nos ensinou isso é preciso experimentar. Nunca vamos chegar ao ponto de achar que já deu certo, que é sucesso e acabou. Sempre precisamos buscar coisas novas e nos conectar com outras pessoas”, finaliza.
Aprendendo a empreender
Uma turma do Técnico em Design de Interiores, do Senac Santa Cecília, participou do evento e conheceu os diferentes tipos de empresa.
A docente Cristina Stevanin, que acompanhou o grupo na atividade, explica que a economia colaborativa já é um tema estudado no curso e que a proposta é levar as práticas de mercado para sala de aula.
“A situação econômica do país está contribuindo para que esse movimento colaborativo se intensifique. Acredito que quebrar paradigmas em design de interiores é fundamental porque estamos saindo de uma era da estética para a era funcional com novas formas de prestação de serviços”, esclarece.
Segundo Cristina, o conteúdo abordado na palestra será discutido nas aulas. “A partir dessas referências e orientações, buscamos despertar essa potencialidade nos alunos porque grande parte do movimento empreendedor precisa acontecer dentro da gente e esse evento contribuiu para que a turma se inspirasse em outras pessoas”.